quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Provas de acesso aos ciclos da Formaçom Profissional

As provas de acesso aos ciclos de FP dirigem-se a aquelas pessoas que carecem da titulaçom correspondente que permite o acesso direto (título de graduado em secundária para a FP de grau médio e título de bacharelato para a FP de grau superior). Para a inscriçom nas provas de grau médio é necessário ter cumpridos dez e sete anos no presente ano, enquanto para as provas de grau superior os requisitos de idade situam-se em dez e nove anos, ou também dez e oito no caso de a pessoa possuir um título de técnico de FP dumha família profissional incluída na via escolhida para realizar as provas.
A estrutura e organizaçom destas provas, os tipos de exames e as suas características podem consultar-se na nota informativa publicada pola conselharia de educaçom.
Para as provas do grau superior o prazo de inscriçom abrange do 28 de janeiro ao 8 de fevereiro e os exames celebrarám-se o 25 de abril. Pola sua parte, o prazo de inscriçom para as provas de grau médio abrange do 25 de fevereiro ao 8 de março e os exames celebrarám-se o 23 de maio.  Mais info no sítio web da FP da conselharia de educaçom.

Provas de acesso à universidade para maiores de 25 anos

Desde 21 de janeiro até 14 de fevereiro está aberto o prazo de matrícula das provas de acesso à universidade para maiores de 25 anos. Estas provas estruturam-se em duas fases. A fase geral compreende quatro exames: comentário ou desenvolvimento dum tema geral de atualidade, língua castelhana, língua galega e língua estrangeira. A fase específica compreende três exames, dous obrigados e um optativo, que variam segundo a opçom elegida. Existem cinco opçons que se correspondem com as cinco ramas do conhecimento que atualmente organizam as titulaçons universitárias: A) artes e humanidades; B) ciências; C) ciências da saúde; D) ciências sociais e jurídicas; E) engenharia e arquitetura.  Temos todos os detalhes e resto da informaçom no sítio web da Comissom InterUniversitária Galega (CIUG).
Os exames realizarám-se na Faculdade de Direito da Universidade de Santiago o sábado 2 de março (os correspondentes à fase geral) e o sábado 9 de março (os da fase específica). 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Contrarreforma educativa: "talentos" para competir no mercado

O anteprojeto da contrarreforma educativa impulsada o passado ano 2012 polo governo espanhol, na sua verssom do mês de setembro, começa com este parágrafo: "A educaçom é o motor que promove a competitividade da economia e os níveis de prosperidade dum país; o nível educativo determina a súa capacidade de competir com sucesso na arena internacional e de enfrentar os desafios que se propor no futuro. Melhorar o nível dos cidadaos no âmbito educativo supom abrir-lhes as portas a postos de trabalho de alta qualificaçom, o que representa umha aposta polo crescimento económico e por conseguir vantagens competitivas no mercado global" (!!!). Os autores do anteprojeto som transparentes e sintetizam sem complexos a sua conceiçom ultraliberal da educaçom: trata-se de competir no mercado.
Sem dúvida satisfeitos com a sua própria audácia, mas seguramente aconselhados polos estrategas ministeriais, na verssom mais recente do mês de dezembro os autores decidem demorar esta declaraçom até o quinto parágrafo e ademais "simplificam" os seus termos com este resultado: "A educaçom é o motor que promove o bem-estar dum país; o nível educativo dos cidadaos determina a súa capacidade de competir com sucesso no âmbito do panorama internacional e de enfrentar os desafios que se propor no futuro. Melhorar o nível dos cidadaos no âmbito educativo supom abrir-lhes as portas a postos de trabalho de alta qualificaçom, o que representa umha aposta polo crescimento económico e por um futuro melhor". Eis umha verdadeira cirurgia plástica, limpa e nom invasora ... Mágoa perceber o engano.
Entom o que é que aparece agora nesta nova verssom como primeiro parágrafo? Atençom à citaçom textual: "Os alunos som o centro e a razom de ser da educaçom. A aprendizagem na escola deve ir dirigida a formar pessoas autónomas, criticas, com pensamento próprio. Todos os alunos têm um sonho, todas as pessoas jovens têm talento. As nossas pessoas e os seus talentos som o mais valioso que temos como país" (?!). Estas cinco frases justapostas constituem um estranho e paradoxal pacote: por umha parte "os alunos som o centro ..., formar pessoas autónomas e críticas ..." semelham princípios gerais das reformas progressistas do século XX, mas de súpeto surgem três imagens naïf: "todos têm um sonho ..., todas têm talento ..., pessoas e talentos som o mais valioso ...". Que brincadeira é esta? Lemos duas, três, nove vezes, mas nom há confusom, os autores escolhem deliberadamente estas simplezas para completar o parágrafo que dá início à verssom definitiva (?) do anteprojeto.
Porém nada parece casual. Entre as simplezas reparamos no termo "talento", pois arredor do mesmo giram os três parágrafos seguintes com declaraçons como estas: "todos os estudantes possuem talento, mas a natureza deste talento difere entre eles, polo que o sistema educativo deve contar com os mecanismos necessários para o reconhecer e potenciar". Mas por que pegar agora no "talento", um conceito escassamente utilizado na literatura psicopedagógica e praticamente ausente da investigaçom?. Atualmente este conceito só se utiliza no âmbito das "altas capacidades" (talentos artísticos, criativos, ...) para se referir de forma inespecífica a aptitudes supostamente inatas (!). Por outro lado também se está a utilizar no campo dos "recursos humanos" com a mesma conceiçom, mas adaptado às necessidades produtivas das empresas (talento para vender, para dirigir, ...). Assim logo compreendemos melhor a base do discurso e o conceito de diversidade que utilizam implicitamente os autores quando advertem que "a natureza deste talento difere" entre o alunado: trata-se de diferenças essencialmente determinadas na natureza individual das pessoas que o sistema deve "reconhecer" e acaso "potenciar". Mas reconhecer e potenciar o talento ... para que? A resposta aparece diáfana no terceiro parágrafo: "a lógica da reforma baseia-se em evoluir a um sistema capaz de canalizar os estudantes para as trajetórias mais adequadas às suas capacidades, de forma que poder fazer realidade as suas aspiraçons e se converter em rotas que facilitar a empregabilidade". Com outras palavras: a funçom do sistema educativo é dirigir as pessoas para os empregos mais ajeitados aos seus "talentos naturais" segundo a lógica do mercado.
Acho que os talentos ainda vam dar para falar mais outros dias ...